08 abril, 2012

Tiê, paixão e patologia - I

" Um carinho envolve o meu coração
Sinto que é você
Falando pra mim
Sussurrando, quente entre os dentes
Letras tão gentis
Até vou acordar, pra não esquecer
Palavras
Que eu sei de cor por ter você"
Tiê - Te mereço

Dia desses, decidi que iria banir a moça da voz triste da minha playlist. Moça da voz triste, mas que é linda assim mesmo. Que não só canta, que encanta junto. E esse é o problema. As músicas de Tiê tem uma relação de amor e ódio com a "platonicidade"  que há no meu imaginário (platônico e imaginário podem parecer redundante, mas não é) e que surtem um efeito um tanto quanto patológico. Ela não é a única responsável, mas como tenho que arranjar um culpado inicial, decidi que as músicas serão as iniciadoras da doença. E claro, há toda uma explicação lógica (ou não) para isso e é justamente isso que eu vou (tentar) explicar, com uma historinha inventada por mim, mas que lá no fundo tem seu fundo de verdade.


O início de tudo: 
Mariinha* ouve a música. Aleatoriamente, digamos que ela escolha uma que fale isso: "O meu desejo sempre foi contracenar um longo filme de amor, mas não vou legendar o seu olhar focado em mim, direto assim". Bem aleatória a escolha. Daí a letra começa a mexer com o imaginário dela. E começa a criar coisas no seu imaginário. E a música passa pelos ouvidos , atravessa a trompa de Eustáquio e chega na garganta. Lá encontra um nó (que originalmente foi formado pelas coisas criadas no imaginário), que insiste em se desmanchar em mil lágrimas e na tentativa de disfarçar a agonia, Mariinha "engole o choro" e vai junto a música , passando pelo esôfago, chegando no estômago. Você sabe o que ocorre quando se mistura "nó da garganta" e letras emotivas numa região ácida como o TGI ? Reagem entre si e criam lagartas. Não uma espécie comum, são lagartas... especiais. 

Da metamorfose a reação a imune.
Essas lagartas ficam lá quietas, esperando o momento propício para criar asas e voar, literalmente falando. Se elas ficarem muito tempo por lá, o sistema imune inato conseguiria reconhecer o corpo estranho e destruí-lo e tudo poderia continuar como antes. Mas, digamos que se ouça a música todos os dias, claro que o número de lagartas no estômago será enorme e possivelmente dará muito trabalho para acabar com todas elas. Enfim, continuando com a suposição, digamos que a música seja ouvida na terça e na quarta. Na sexta, um dia total e completamente aleatório, os olhos de Mariinha veem algo que faz com que o nível de estresse dela aumente e causa a ela uma taquicardia repentina. As lagartas entendem que esse é o primeiro sinal e  esperam já a postos para o momento da metarmofose. Já disse que elas não eram lagartas comuns. Assim que o objeto de visão de Mariinha fizer qualquer "coisa" na direção da pessoa aleatória como por exemplo, falar "oi", acenar, piscar, pisar no pé, ou apenas olhar para ela mesmo que sem querer a metarmofose ocorre e tudo que era lagarta se transforma em borboletas, que desandam a andar para cima e para baixo por dentro da barriga dela. Se o tal objeto de visão de Mariinha, a razão do afeto dela, aquele que atende pelo nome de Enrico*, aproximar-se dela, as borboletas ficam mais serelepes ainda e o organismo dela começa a reconhecer as tais borboletas serelepes como "serelepes exógenos" e na mesma hora o sistema imune inato começa a despertar e a resposta inflamatória começa. Quanto mais Enrico movimenta-se, fala e fala tocando nas mãos dela, mais aguda vai ficando a resposta. A pele de Mariinha já está totalmente ruborizada e ela já se sente capaz de derreter plástico, de tão quente que está sua temperatura corpórea. Ela fala disparadamente, torna-se praticamente a "garota sem vírgulas", compulsivamente tentando mascarar a guerra que ocorre internamente. Quando a situação parece controlada, as borboletas já inexistem e a conversa entre os dois - sobre os métodos tradicionais e não eficazes de ensino e avaliação das crianças da terra do nunca - já está fluindo quase normalmente, Enrico encosta "total e completamente sem querer" suas mãos nas delas  e aproxima-se mais do que deveria, ainda despretensiosamente e aí...

Poderia dizer que eu parei por aí porque realmente queria fazer um suspense, mas não é por isso. Eu simples e puramente estou com a mente esgotada para escrever no que irá acontecer com Mariinha após a próxima ação de Enrico, apesar de estar com algo em mente. Para não estragar o que eu estou achando muito bom - nem é pela qualidade do texto e sim pela distração que ele foi nesses dias -  decidi parar por aqui. Se o que vier em seguida não ficar de um tamanho suficiente para um texto, faço um update nesse texto depois. Esse texto é uma obra de ficção e não deve ser levado (muito) a sério. Os nomes foram escolhidos aleatoriamente, Mariinha já é personagem de mil histórias do blog e ela é ótima, porque se adequa a todas as realidades que os textos conduzem (aí começam a achar que eu sou louca, porque estou falando de um personagem como se ela existisse e vivesse cada história que eu escrevo). E Enrico... bem, Enrico é Enrico. Um nome ""aleatório"" que surgiu e que eu acho que soa legal nas histórias. Presumo que esse italiano/descendente de italianos - ainda não decidi - apareça mais vezes aqui (já apareceu dia desses, numa conversa com Alice, no post passado).

Um comentário:

António Je. Batalha disse...

Estive a ver algumas coisas em seu blog. Desejo deixar um convite, tenho um blog com o nome de Peregrino e Servo. Meu nome é Antonio Batalha sou portugues. Se desejar fazer parte, eu ficaria radiante em tê-la como minha amiga virtual, isto é, nao quero que se sinta coagida a faze-lo mas apenas se deseja. Se achar que nao merece a pena fico-lhe grato na mesma. Decerto irei retribuir seguindo o seu blog também. Um obrigado.