30 abril, 2013

Pupilas dilatadas

Não sou eu, não posso acreditar que sou eu. É um bicho que toma conta, que engole  meu querer, que faz estragos qu dilata a alma, que me toma o corpo, que me escraviza e quem me faz querer ser sua.
Não é minha culpa, as palavras surgem, são ditas, são cuspidas, são escritas, as vezes saem gemidas, engatinham até chegar em quem me escuta, em quem me atenda, em quem me escute, em quem me aceite desse jeito.
Não é que eu possa, não é que eu deva, mas é que eu quero e o querer me toma e alimenta a fera que eu tenho dentro e quanto mais ela quer, mais ela me sufoca e ela sempre quer. Não sou eu, é ela.
Ela não é a mesma que eu, porque passa um tempo e eu estou esgotada e ela regozijada, porque sabe que me venceu. Quem vê, pensa que sou eu. Não, é ela. Serei culpada por não conseguir dominar ela. E ela conhece os meus passos, meus limites, minhas fraquezas, conhece tudo que eu mesma desconheço. É ela, essa peste, que assombra a alma, que tira todas as minhas forças, que me faz revirar na cama sem saber o que fazer. É esse monstro que toma conta dos meus gritos. Não sou eu, é ele.
É ele que me persegue e diz que eu sou indefesa, é ele que entra e dá pontapés gritando que tem urgencia em sair como se eu fosse uma mãe prestes a parir. É ele que muda meu humor, me faz chorar, me faz rir, me faz ser extremo e meio, me deixa em posição fetal de mãos e pés atados. Me tira o ar, o gás, a vontade de ir contra essa vida.
É com sangue que ela vai embora. É com dor, é com sacrfiício, é com corte, com arranhões, com pontadas, com gemidos abafados. É com suor que ele vai embora, é com trabalho, com peso, com pressa, com gritos de fúria, com sobrecarga, sobressaltos, sobretudo, esforço.

23 abril, 2013

(Dia 03) - Odds Ratio para Cecília


Odds ratio  “A razão de chances ou razão de possibilidades (em inglês: odds ratio; abreviatura O.R.) é definida como a razão entre a chance de um evento ocorrer em um grupo e a chance de ocorrer em outro grupo. A razão de chances precisa ser igual ou maior que zero”

Por exemplo, suponhamos que em 30 anos eu tenha conhecido 100 mulheres. Dessa amostra de 100 mulheres, 7 se interessaram por mim. 3 não contam, porque eu não correspondi. Me relacionei seriamente com 4 delas então, cheguei a noivar com a quarta. A chance de alguém se interessar por mim então é 7 para 100. A chance de alguém se interessar e eu corresponder é 4 para 100. A chance de dar certo é 0 para 100, porque nunca dá certo. Com Danúbia até dava, até ela dizer que ou eu tomava tendência ou ela ia embora e aí ela foi.  Tomar tendência não é como tomar chopp. Pra Danúbia, tomar tendência é conquistar o mundo de terno e gravata. E isso é pior do que café frio.
Cecília. Em 20 anos, Cecília conhece muito mais que 100 homens, as redes sociais apontam uns 360 pelo menos. Desses 360, uns 100 ela interagiu bastante.  Dos 100, 50 não houve empatia alguma. Dos 50, uns 30 quiseram ter algo com ela. 12 queriam sexo. 9 ela se apaixonou e não for correspondida. 9 se apaixonaram por ela e 6 desses foram correspondidos em algum momento da vida. 
Cecília tem 20 anos, mas a probabilidade de que alguém se apaixone por ela antes dela abrir a boca é 30 para 100, porque ela é bonita. Depois que ela abre a boca, o número de interessados continua sendo 30, mas a amostra se reduz a metade, porque ela perde contato, porque ela é nômade e não corre atrás dos outros. As chances então parecem que se tornam 30 para 50. Os cálculos indicam então, que a probabilidade de um cara se interessar por ela é maior do que a dela se interessar por ele e que as chances dela corresponder a alguém que já goste dela é maior do que alguém que ela gosta corresponder a ela. Por algum motivo, Cecília tem vários homens querendo ela – e eu já posso me incluir nessa lista – mas ela se interessa inicialmente pelos improváveis, porque Cecília gosta do ridículo e foge do comum.

Resultado do problema:
P(A) = 0,07 (essa é a probabilidade de uma mulher se interessar por mim)
P(B) =  0,6 (essa é a probabilidade de um homem se interessar por Cecília, o que mostra que ela pode ter o homem que quiser na universidade, fora dela, em qualquer lugar terá alguém para se apaixonar por ela)

A razão de chances então é igual a:  0,07/0,6

Cecília me põe no chinelo, quando o assunto é romance. Precisei calcular para ter certeza disso. E segundo os cálculos, nossa probabilidade de dar certo é ínfima.
E eu a desejo assim mesmo, contrariando todos os cálculos do mundo.