28 julho, 2013

Informações que ninguém quer receber, mas que eu julgo necessárias

Resolvi escrever para reorganizar coisas que ando pensando, para daqui a alguns meses eu olhar para isso e falar "oh, que bobagem, olha como eu era em julho, hahaha, daora a vida" ou "oh, eu pensava tanta coisa brilhante aos 20 anos!!" E publicar no blog é uma maneira de não perder esse texto (na verdade, estou considerando bastante deixá-lo no rascunho, porque odeio desabafar em publico e bom, nada pode ser mais público que isso, mas talvez as coisas escritas sejam úteis para alguém e daí para o final eu decido postar assim mesmo e nossa eu nunca me vi digitando tão rápido um parênteses) por aí, em alguma gaveta ou na versão escrita do "Além da Superfície" (considerando que alguém leia e não compreenda o que é isso, explicações: eu sempre escrevo em cadernos, diários, guardanapos os registros das coisas que ocorrem na minha vida. Isso é fantástico, porque : a) sempre lembro das coisas que ocorreram comigo; b) se eu não lembrar, eu terei como saber o que aconteceu; c) quando eu estou chateada, com raiva, triste, ao invés de descontar nos outros eu choro e escrevo, porque ninguém tem a ver com isso e aí passa; d) escrever é bom para exercitar a mente e manter a sanidade mental. Daí, esse ano eu fiz um caderno com o mesmo nome do blog, juntei todos os cadernos (de listas, diário, de oração, de atividades para fazer) e desde uns meses uso ele para tudo que eu não escrevo por aqui). E essa lista que virá a seguir vem de coisas que eu tenho guardado mentalmente desde maio na mente. Algumas eu percebi sozinha (são itens meios óbvios, tipo o 2), outros com uma pessoa, outros com várias pessoas, em experiências próprias ou não.

1. Se você sente falta de alguma coisa, alguma pessoa, algum animal, mas você não procura isso/esse, sinto informar: ninguém vai acreditar que você estava sentindo falta. O princípio é o mesmo que quando  você perde as chaves de casa: você sabe que é importante, você procura porque aquilo é necessário, você volta a ter paz quando encontra. Se não é tão importante, você não procura ou procura depois. Ninguém tem nada a ver com isso, mas não, você não precisa parecer descabelado(a) porque perdeu algo, mas não ter nenhuma atitude proativa sobre o sumiço daquele algo.
Outro exemplo: uma pessoa "some" do seu circulo social. Ninguém procura saber o que está ocorrendo, De repente, você encontra a pessoa e "OH MEU DEUS, VOCÊ ESTÁ SUMIDO, O QUE ESTÁ ACONTECENDO, EU ESTOU PREOCUPADO, ME MANDE NOTICIAS, SAUDADES, BEIJOS!!". Isso não é necessário, se sua preocupação não é verdadeira. Fim.

2. Desisti de tentar lembrar a utilidade de cada um dos "porques". Agora tanto faz para mim e essa é uma regra gramatical que eu me permiti quebrar porque se em 12 anos eu ainda não aprendi e estou viva e com perspectiva de me formar, casar, trabalhar, ter filhos sem saber dessa informação, é porque ela não é importante o suficiente (para mim, é claro. Não entendam isso como "queimem as gramáticas", continuem aprendendo a diferença entre todos os "porques" se isso traz alguma realização para vocês, rs)

3. Gente, se alguém (posso exemplificar comigo mesma? Pronto, leia "eu", no lugar de "alguem" e substitua os tempos verbais mentalmente, rs) faz alguma coisa que lhe desagrada, tem uma ferramenta fantástica que você pode fazer agora mesmo, no lugar onde você está, anotem: Abra a boca e fale. Pode molhar a ponta da flecha da verdade no mel antes de lançar, é preferível, mas fale!! FALE!! Ninguém tem bola de cristal (como se isso tivesse efeito, mas é uma expressão apropriada) para saber o que está acontecendo dentro de sua mente e as vezes um problema mínimo ao inves de ser resolvido vai sendo empurrado com a barriga. Relações humanas poderiam ser simplificadas se as pessoas falassem o que sentem em relação ao outro. Tão mais simples, tão mais eficaz.

4.  Grosserias gratuitas podem ser extintas o dia a dia. Nada é pior que receber palavras duras a troco de nada. Se seu dia está ruim, o outro não tem a ver com isso. Se você está chateado com o outro, magoar ele não vai diminuir sua cicatriz (ou quando você é atropelado por um carro e quebra a perna você quebra o carro e o motorista para ver se sara sua perna mais rápido ? Acredito que não). Estar destruído não te dar o direito de destruir o outro, independente dele ter a ver com o que quer que seja que está lhe deixando abatido. Isso é difícil, me esforço muito (MUITO! ) num auto controle para não ser chata com os outros quando estou chata (e nem na tpm isso é perdoável), nem sempre eu consigo guardar minha fúria para mim mesma, mas gente, seria tão legal que os outros tentassem fazer isso, se desculpassem depois de perceber o que fizeram ao invés de dizer "eu sou assim mesmo" e aí nós vamos pra o proximo tópico que explica que nessa situação da pessoa "síndrome de Gabriela" aprendemos que...

5. Engolir sapos (opa, vou usar todos os clichês possíveis nesse texto pelo "andar da carruagem") faz parte!  Isso é quase uma extensão do item anterior, mas acho importante para o bom convívio humano que a pessoa tolerem um pouquinho mais umas as outras. As vezes o outro não te trata da maneira que você (acha que) merece, mas vamos dar um desconto ao invés de já amaldiçoar a terceira geração da pessoa. Releve as coisas algumas vezes. Respire fundo e acredite de todo seu coração que ela está tendo um dia ruim e por isso falou daquele jeito, te tratou daquele jeito. Aprende a perdoar o outro, a conviver do jeito difícil que o outro é. Mostre-se solícito mesmo que aquela pessoa te massacre todos os dias. Não vou conseguir dar nenhum exemplo SENSACIONAL  de porque isso é bom, não cura doenças incuráveis,  não te faz rico, nem te dá Caio Castro nu na porta de sua casa (três itens que eu aprendi que muitas pessoa tem desejado ultimamente), mas tolerância com o próximo te dá paz de espírito e você se sente bem em saber que ao invés de gastar sua energia matando o vizinho, você está pesquisando na internet a receita do bolo verde (adoro bolo verde!!!) e pensando em dar um pedaço pra ele. Quem sabe ele não muda? Esse é um item que eu não tenho tanta dificuldade em cumprir, minha vida é relevar as coisas que as pessoas fazem, afinal eu também sou chata, quero que me tolerem, ame ao próximo como a si mesmo, essas coisas.

6- Eu tenho problemas em gostar de quem me maltrata, mas consigo relevar isso mais fácil do que gostar de alguém que maltrata cachorro por exemplo. Ou que é mal educado com os outros. Sim, eu mudo toda a concepção de uma pessoa que é fantástica comigo se eu souber que ela é ruim com outro. Prefiro que ela seja ruim comigo e que todo dia eu pense que eu faço algo que desagrada (voltar pra item 3) do que eu imaginar que ela despreza alguém do meu apreço a troco de nada. Não sei se faz sentido, mas é assim que tem funcionado comigo. Me ridicularize e eu ainda consigo (depois de muito auto controle) te dar bom dia sorrindo, pensando que essa situação pode mudar um dia Ridicularize o outro sem motivo (ou com motivo, whatever) e eu não consigo ser a mesma com você. Preciso de solução para esse item, caso alguém tenha estou aceitando.

7. Durante muito tempo eu tinha pessoas que eu não ia com a cara, por motivos "tem cara de chato", "não gosto do cabelo", "fala alto demais". Um dia comum eu acordei pensando em quantas pessoas já me disseram que resistiram a falar comigo porque me achavam metida. E eu não gostei mais da ideia de "não ir com a cara de alguém" antes de conhecer. Ter o hábito de querer conhecer o outro, seus pontos de vista, como ele vê o mundo, ao invés de "julgar pela capa" é uma experiencia válida. Pela extinção do "não fui com a cara de fulano" antes de conhecer (ou baseado nas informações passadas sobre fulano, o que seria um pré conceito, que é o próximo item).

8. Tenha pré- conceitos sobre as coisas, porque conhecimento empírico é útil e usar a intuição é válido. Só não é interessante se apegar a isso. Melhor que o pré conceito é o pós conceito. Dê a si o trabalho de descobrir a coisa antes de reproduzir um conceito superficial da coisa, baseado no achismo. Não perca seu tempo criando juízo de valor sobre algo, sem ter conhecimento além do seu pré conceito sobre esse algo. As coisas vão sempre além do que o que parece óbvio.

9. Procrastinar não rende fruto nenhum. Nunca. Não se iluda. Não existe tempo vago, existe alguma atividade útil que está sendo negligenciada (mesmo que essa tarefa seja dormir, como no meu caso agora)

10. As vezes se faz necessário usar toda liberdade (amo essa palavra e todo significado - muitas vezes utópico -  que ela carrega. Acho que é minha palavra predileta, podia ser o item 11 isso) que temos nas mãos para fazer nossas escolhas. Perceba que nesse item eu uso a primeira pessoa do plural, me incluo no grupo de pessoas que precisam ser convencidas por isso. Que as vezes a gente faz o que todo mundo quer, até o padeiro tem maior influencia nas nossas escolhas que nós mesmos. Por isso, esse item foi criado; para lembrar para mim mesma (e para quem estiver lendo) que escolher o que se quer, não dói. Se não fere seus princípios, não fere o direito do outro, não vejo motivo que te impeça de arriscar uma escolha diferente. O corte de cabelo que sempre disseram que não ficava bom em você, a aula de canto que sempre disseram que você não tinha tempo, o curso da graduação que sempre disseram que você não tinha talento para seguir e tantas outras coisas que deixamos de lado porque um terceiro diz (impõe!) qual a regra da vez. Se der errado, enquanto há vida há esperança, não é mesmo ? (estou cheia dos clichês hoje)

Em breve mais itens das minhas reflexões atuais!

11 julho, 2013

Tudo que é seu e não meu - da categoria das cartas não enviadas

Eu acho muito amor a voz de sono, a barba que cresce para todos os lados e quando chega no tamanho ideal, ela some. Os cabelos que não obedecem meu comando e fica lá regulado no lugar, a contragosto. A data de 10 anos antes, que pareceria muita coisa 10 anos atrás, mas que 10 anos na frente já não é uma desventura; antes sorte de achar quem sabe das coisas que eu desconheço e ao mesmo tempo compactua com minhas ideias sobre o mundo paralelo ao nosso, coisa que só faria antes de eu nascer.  Tem a mão que sobe e desce na minha, a mão suando na minha, a mão com as unhas que eu reclamo. As mãos que sobem, descem, percorrem e tentam ver o que está ao alcance dos olhos, mas que pode ser tateado, descoberto, lido. Tem os olhos que fitam os meus, mesmo quando eu reviro os olhos e digo para virar para o outro lado.
Ultimamente, até o sorriso torto é bonito. A risada das piadas idiotas, que eu acho graça, mas finjo que não acho, para se achar menos. Tem uma pausa nas falas a cada palavra pronunciada, que causa um nervosismo instantâneo, na curiosidade que tenho de descobrir o que se quer dizer e cada 10 minutos são duas palavras e ainda assim acho bonito, o ser diferente de mim, que não calculo o que falo, nao faço pausas e não meço palavras. Gosto do silencio na linha, que ao mesmo tempo me inquieta e me dá tempo de respirar. Suas implicâncias com as não obviedades do óbvio, suas duvidas sobre o que não é concreto, sua mania de querer saber tudo do mundo. Do sinal nas costas, da pele que puxa, do cheiro que é tão reconhecível e característico desde sempre, independente do uso de perfume detestável ou não.
Nos traços psicológicos também é possível achar beleza, em tudo que não há nos outros e sobra aí. É tanta atipicidade que ao invés de assustar, encanta. Por vezes as histórias parecem irreais de tanta coisa que ocorre e eu ouço de ouvidos atentos e coração aberto, pensando em como eu acho fantástico a sobriedade que conta as coisas tristes como se elas não tivessem acontecido de verdade.  E esse texto é um apanhado de coisas que andei pensando, que eu acho que você já sabe, que eu acho que não lhe entrego, que acho que não devo te contar porque morrerei de vergonha, que acho que não faz muito sentido - como tudo que eu escrevo em vinte minutos - mas que eu acho que vale deixar registrado, porque você me diz que eu só lembro das coisas porque escrevo. E eu não quero correr o risco da amnésia seletiva me alcançar, justo com você.