07 fevereiro, 2012

A mudança

Tinhamos encontro marcado, ao menos uma vez por mês. Eram perfeitos enquanto duravam. Depois que eu saía dali, voltava a ser quem eu era. Quem eu fingia ser. Mesmo depois do que ocorreu, ainda não sei se quem eu sou de verdade era aquele eu que ficou com ela, ou esse daqui, que escreve agora.
Tudo mudou bastante nos últimos 15 minutos.
Eu a encontrei, depois de uma semana. Estava como sempre me atraindo. E eu fui. E foram 8 minutos felizes. 10 minutos. E aí, nos 12 minutos eu percebi. Diferente de mim, que estava com os olhos vidrados nela, como se ela pudesse desaparecer como fumaça, ela naquele momento abaixou a cabeça. Fiz com que ela me olhasse. Não encontrei nada. Não estavam brilhando como quando cheguei. O que eu vi não me atraía. Vi dor. Vi lágrimas rolando na sua face. Vi um pedido de ajuda. Vi que se ela tivesse escolha, não estaria ali. Se ela tivesse escolha, pediria para não nascer. Se eu e todo mundo não estivesse ajudando a roubar as escolhar dela. Demorei três anos para perceber que me alimentava da falta de amor próprio que ela tinha. E aos 14 minutos, saí dali com a certeza de que eu não a prendo mais. Por mais egoísta e absurdo que soe, sinto que o alforriado do dia não é ela; sou eu. Fui embora sem dizer adeus, apesar de que no fundo ela acha que eu vou voltar. Eu também acho isso bem provável, mas irei resistir para não vê-la mais nunca. Sei que no fundo ela vai fazer falta. No fim das contas, a falta dela vai me fazer bem.
Vi uma coisa, ouvi umas duas frases e imaginei a história acima.


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